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Baianos viajam mais por tratamento médico do que por lazer, aponta pesquisa do IBGE
Turista da Bahia teve maior percentual do país em viagens de ônibus; mais de 53% se hospeda em casa de parente ou amigo
Quinta-Feira, 13 de Agosto de 2020

Quando se pergunta a um brasileiro o principal motivo para ele viajar, as duas respostas mais frequentes são: visitar amigos ou parentes e, em seguida, pelo lazer. Mas, esse não é o caso dos baianos. De acordo com a última pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizada em convênio com o Ministério do Turismo, quem mora na Bahia tem como prioridade visitar os amigos e, em segundo lugar, em vez de diversão, viajar para fazer   tratamento de saúde.

Das 1,629 milhão de viagens feitas no estado em 2019, 412 mil tiveram como prioridade buscar atendimento médico em outra cidade que não aquela de residência, o que corresponde a 29,1% do total. O índice para esse mesmo motivo só foi maior em outros dois estados do Brasil: Sergipe (37%) e Maranhão (33%). No Brasil, a saúde também tem destaque pois aparece como terceira motivação para as viagens pessoais,  17,5% do total.

No quesito visitar parentes ou amigos, foram 466 mil viagens feitas nesse sentido na Bahia no ano passado, ou seja, 32,9% do total. No país, a taxa é um pouco mais elevada: chega a 36,1%. Quando se trata de viagens por lazer, que foi o terceiro motivo mais mencionado pelos baianos e o segundo no Brasil, o número cai para 335 mil, ou seja, 23,7%. Quando se considera todo o território nacional, o índice dos deslocamentos é de 31,5%.

Pela saúde

 A professora Martha Bastos, 78  anos, que mora em Guanambi, município do Sudoeste da Bahia, é uma das que viaja todo ano para fazer consultas médicas e visitar os parentes em datas comemorativas, só vai de ônibus e se hospeda na casa de um membro da família.

Ela vem sempre a Salvador com o marido, Vladmir Bastos, 85, que também é professor, e fica na casa da cunhada, em Ondina. “Todo ano faço aquele check up geral e passo uns 20 a 25 dias só fazendo consulta”, conta.

O casal deixou de viajar de carro por conta da distância para se chegar à capital, já que são quase 700 km de de Guanambi para Salvador. “Meu marido não tem condição de dirigir tudo isso por conta da idade e os filhos trabalham, não tem como levar. Então não tem opção, tem que ir de ônibus”, conta Martha.

 A escolha por Salvador, segunda a professora, é pela maioria dos consultórios do município onde mora não aceitar seu plano médico, o Planserv. Por isso, a conta sairia cara e ela prefere vir para a capital.

No caso do lavrador Aderaldo Santana, 27, todas as viagens que ele fez a Salvador foram por motivos médicos, para acompanhar a mãe em um tratamento oncológico. Há três anos, dona Josefa, 51 anos, teve câncer de mama e precisava vir pelo menos três vezes por semana para a capital. Já curada, a frequência hoje diminuiu para uma vez por ano, para exames de rotina. A cidade onde moram, Ribeira do Amparo, que tem pouco menos de 15 mil habitantes, não tem estrutura para esses tratamentos mais complexos, por isso, eles vinham fazer os procedimentos em Salvador.

Além disso, como a família de Aderaldo não tem dinheiro sobrando, viajar não é prioridade, só nesses casos, para cuidar da saúde. Se não fosse pelo carro da Prefeitura que os trazia para Salvador, eles não teriam condições de vir para fazer o tratamento.

 “Teve um período que a gente teve que ficar 30 dias em Salvador, mas não tive como passear. O dinheiro que tem é para se manter e sustentar a casa. Todas as viagens que eu fiz foi através da Secretaria Municipal de Saúde”, conta Aderaldo.

Entenda a diferença: viagem e delocamento:


De acordo com critério do Ministério do Turismo, entende-se por viagem qualquer deslocamento que não seja sistemático e de rotina, e que tenha  o propósito para lazer, trabalho ou estudos, independente do tempo de permanência no destino.

 Turismo médico

As viagens do interior para a capital para cuidar da saúde acabam consolidando um novo modo de turismo. É o que acredita o títular da pasta no estado. “O estado vem se consolidando como um grande pólo médico, não só na rede privada, mas também na rede pública, na capital e em grandes cidades do interior. É um trabalho em construção que começa a aparecer de forma efetiva, e traz retornos financeiros importantes”, diz o secretário de Turismo Fausto Franco.

Esse tipo de viagem acaba por favorecer a econômia baiana, na opinão dele: “O turismo por razões de saúde é um trabalho que vem crescendo, que a gente não via de forma intensa, mas que é, ao mesmo tempo, muito rentável. É um turismo onde o paciente não vem sozinho, vem sempre acompanhado, e passa uma quantidade de dias significativos, às vezes semanas ou meses”, completa.

A categoria “viajar por tratamento médico” engloba não só procedimentos como cirurgias, consultas e exames, mas também tratamentos para o bem estar, a exemplo da clínica médica Ravenna, que oferece acompanhamento multidisciplinar - terapia, dieta nutricional e atividade física - para pessoas com sobrepeso ou obesidade. Segundo o diretor administrativo Ricardo Soares, responsável pela unidade de Salvador, pelo menos 10% dos pacientes são do interior.

Quem faz o tratamento precisa vir para a capital todo mês, mas com a pandemia essa realidade mudou. Agora, muitos atendimentos ocorrem por meio online. “Com a telemedicina, vai ser um misto de presencial e online e o paciente só precisa vir a cada dois ou três meses” diz.

De ônibus é mais barato

A Bahia teve o maior percentual de viagens de ônibus no país, segundo o IBGE: 32,3%, mais que o dobro da média nacional, 16%. Contudo, o principal meio de transporte usado pelo brasileiro e pelo baiano ainda é o carro, particular ou da empresa. A pesquisa mostra que  34,9% dos viajantes na  Bahia em 2019 usaram esse meio de transporte contra 46,6% no Brasil. Além disso, mais da metade dos baianos viaja não para ficar em hotel ou pousada, mas para se hospedar na casa de amigos ou parentes. Essa taxa chega a 53,1% no estado. É também o meio de hospedagem mais frequente no país, que corresponde a 47,3% das viagens.

O secretário de turismo do estado, Fausto Franco, diz que os baianos têm vontade de conhecer o próprio estado, o que pode ser uma justificativa para o alto número de viagens terrestres. “O baiano não querer viajar para longe é positivo. O nosso estado tem tantas belezas naturais, artísticas, gastronômicas, que fazem com que a gente queira explorar. A metade do nosso fluxo de turistas é de dentro do estado. Isso é algo a ser reforçado. Às vezes, o baiano não quer ir para longe para aproveitar o que a Bahia tem de melhor”, opina.

Falta de dinheiro também é um dos principais motivos para que os brasileiros viagem pouco. Dentre os 72,5 milhões domicílios que o IBGE visitou para o estudo entre julho e setembro do ano passado, em 78,2%  nenhum morador tinha viajado nos últimos três meses. O principal motivo, relatado em 48,9% das casas, é não ter dinheiro. As outras razões são a falta de tempo (18,5%) e falta de necessidade (13,5%). Só em 21,8% das casas visitadas é que pelo menos uma pessoa tinha viajado nos últimos três meses.

Na Bahia, a principal razão para não fazer viagens também é a falta de renda, o que foi visto em 46,1% dos casos, isto é, 1,9 milhão de residências. O segundo motivo, contudo, destoa do resto do Brasil: 28,7% dos domicílios, ou seja 1,2 milhão, não viajam por não verem necessidade. Quando viajam, o que os baianos mais buscam, segundo o IBGE, é cultura (43,8%), ao contrário do que procura o brasileiro: sol e praia (34,3%).

Mesmo viajando pouco, a Bahia foi o terceiro estado do país em que a população mais viajou: foram 7,7%. Perdeu somente para São Paulo (20,4%) e Minas Gerais (14,1%). O ranking se repete quando se trata de destino. Das 20,617 milhões das viagens feitas no Brasil em 2019, 1,788 milhão foram para o estado, o que representou 8,7%. Para São Paulo, foram 3,904 milhões de viagens feitas (18,9%) e para Minas Gerais 2,631 milhões (12,8% do total).

 

FONTE: www.correio24horas.com.br  
 
 

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