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Peitos cheios de amor: Bahia recebe 2,7 mil litros de doação de leite materno em 2022
Número de doadoras já alcança 60% do total do do ano passado
Terça-Feira, 30 de Agosto de 2022

O leite materno parece uma coisa de fácil acesso para todos os bebês, mas não é bem assim. Mães que não podem amamentar, bebês que ficam órfãos nos primeiros meses de vida ou que são abandonados dependem do peito aberto de outras mulheres. É com a doação de leite materno que muitos deles conseguem se desenvolver com saúde. Na Bahia, os números têm crescido, e o método está cada vez mais popular. Somente no primeiro semestre de 2022, o estado acumula 60% de todas as doadoras de 2021.

A rede de coleta na Bahia é composta por oito bancos e um posto (veja abaixo). Só nos oito primeiro meses de 2022, já foram doados 48% de todo o leite de 2021, sendo que já foram distribuídos 43% do total de leite entregue no ano passado. Neste ano, a Bahia teve, de janeiro a julho, 4.737 doadoras, com um total de 2.744 litros coletados e 2.101 distribuídos. Já em 2021, a doação de leite humano teve 7.797 doadoras, representando um total de 5.645 litros de leite coletado e 4.840 distribuídos.

Os dados são da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Parte desse suprimento foi doada durante a campanha Agosto Dourado, que visa incentivar a amamentação e foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quem tem percebido o aumento no número de mulheres interessadas em doar leite é a enfermeira Juliana Viana, 31 anos, que abriu um empresa para prestar serviços de consultoria de amamentação. Ela detalha que existem ainda, infelizmente, alguns mitos que impedem a mãe de procurar meios para doar, como achar que vai ser um trabalho muito grande, que precisa ter leite excessivo ou que vai atrapalhar a amamentação do próprio filho.

"Quando nos tornamos mães, começamos a nos colocar no lugar de outras mães e das mães que precisam de leite. Cada gotinha vale, é importante, é ouro. Se temos esse ouro, por que não ajudar outras pessoas?”, questiona a enfermeira.

Segundo a especialista, as mães precisam amamentar os bebês, de forma exclusiva, até que eles completem seis meses de vida. Ela ressalta que o consumo de outros alimentos antes disso pode causar problemas na saúde da criança, como infecções. Depois desse período, a inserção de alimentos já é autorizada, mas o pequeno pode e deve continuar a ser amamentado até os dois anos de idade.

“Se quiser continuar depois dos dois anos também pode, não tem uma idade limite e o leite não perde as propriedades e nutrientes. O que acontece é que a criança passa a precisar de outros alimentos, então o leite deixa de ser a fonte principal. Mas ao contrário do que muitas pessoas dizem, o leite não vira água, segue sendo ouro”, afirmou.

Juliana ressalta que a ciência já provou que o leite materno passa os anticorpos da mãe para o bebê, por isso que o líquido costuma ser chamado de primeira vacina, que é o que garante um reforço no sistema imunológico da criança. “As crianças que não são amamentadas por esse período mínimo e até esses dois anos que é recomendado, são crianças que ficam mais doentes, têm mais alergias, tendem a ter mais cólicas, diarreias, gases, constipações. Sem contar o vínculo e o afeto com a mãe que é perdido”.

Existem alguns problemas que geram a falta de leite na mulher, mas a enfermeira aponta que são situações raras, geralmente esse problema está associado a outras questões, como câncer e cirurgias realizadas na mama. Dá pra fazer, no entanto, um estímulo para aumentar a produção de leite, já que ele é produzido por demanda, mas é importante que a mãe procure um especialista para acompanhamento.

Felicidade
A advogada Thalyne Moreira, 28, tem dois filhos, um de 10 anos e outro mais novinho, com um ano. Ela é uma das mulheres que decidiram compartilhar um pouquinho do leite com várias outras crianças que precisam desse ouro para crescer mais saudáveis. A doadora tirava cerca de um litro de leite por semana e fez isso durante seis meses.

“Quando meu bebê fez 15 dias de vida, eu liguei para o banco de leite da Maternidade Climério de Oliveira [no bairro de Nazaré, em Salvador] e falei que queria doar. Eles mandaram uma equipe na minha casa, trouxeram kits com potinhos de vidro e prestaram orientações sobre a doação. Eu armazenava no congelador e depois eles vinham buscar, sem nenhuma burocracia”, detalha a advogada.


Thalyne lembra que seu filho de 10 anos não teve uma amamentação correta como o segundo filho está tendo. “Lembro que meu filho de 10 anos ficou muito doente na infância. Tive ele com 17 anos e não amamentei o suficiente. Meu outro filho que está tendo a amamentação correta pegou covid-19 aos quatro meses e só teve sintomas no primeiro dia e nos outros dias ele ficou muito bem”, diz.

A advogada aproveita para deixar um recado para as mães que, assim como ela, também podem ajudar outros bebês: “Doar leite materno não é burocrático. Nós crescemos com essa cultura de que o leite não é tão importante assim, mas a ciência comprova que ele é riquíssimo. Existem tantos bebês que precisam, que estão na incubadora, se não por nós, doem por eles, que precisam tanto da nossa ajuda. Eu me senti muito feliz e muito satisfeita em ter doado”. Thalyne também criou uma conta no Instagram para dicas de maternidade. Para acompanhar é só seguir @mthalyne.

Exames
Vale ressaltar que as mães passam por exames antes de doar e o leite também passa por um processo de qualidade para saber se é adequado para a distribuição. É um processo seguro e que não apresenta riscos para mãe, filho e bebê receptor da doação.

As mulheres que desejam doar leite materno (veja lista abaixo) podem se candidatar no Banco de Leite Humano mais próximo. Quem não amamenta também pode ajudar os Bancos de Leite Humano com a doação de potes de vidros. Os vidros devem ter tampa plástica, como as usadas em café solúvel. Não importa o tamanho, mas é essencial que seja de vidro e com tampa plástica.

Roberto Santos registra aumento de 574% nas doações de leite

No Banco de Leite do Hospital Roberto Santos, a quantidade de leite coletada cresceu 574% em dois anos. Em julho deste ano foram 64.240 ml coletados contra 9.520 ml coletados no mesmo mês de 2020. O número de doadoras de leite materno também deu um salto de 182%, saindo de 28 em julho de 2020 para 79 em julho deste ano.

Em 2020, o hospital registrou uma redução significativa nas doações, quando foram doados 172.949 ml de leite materno. Em 2021, o número subiu para 711.375 ml. Já neste ano, no primeiro semestre, foram doados 415.406 ml de leite. No total, 822 bebês já receberam doações em 2022, com 711 doadoras.

A enfermeira Ana Carolina Meireles, que trabalha no banco de leite do HGRS, afirma que para doar, a mulher tem que estar amamentando o próprio filho e sem problemas de saúde que contraindiquem a amamentação. Além disso, exames sorológicos são solicitados, entre eles de HIV e HTLV.

A profissional relata ainda o quanto as mulheres ficam felizes por compartilhar o leite com outros bebês: “Tem doadoras que quando têm de encerrar a doação por algum motivo, elas ficam super tristes, querem doar e ajudar mais. É um ato de solidariedade, elas não recebem nada e ajudam muito os bebês. A gente faz um certificado para elas de doadoras e elas ficam maravilhadas. É uma atitude muito linda”.

Confira lista de bancos e posto de coleta no estado:

Iperba; Maternidade Climério de Oliveira; Hospital Geral Roberto Santos; Maternidade José Maria de Magalhães Netto; Hospital Estadual da Criança; Hospital Manoel Novaes; Hospital Esaú Matos; Hospital Inácia Pinto; e Posto de coleta Maternidade Tsylla Balbino.

Inserção de alimentos na vida do bebê

A pediatra Lis Thomazini, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que deve-se inserir alimentos na vida do bebê depois dos seis meses e que o prato da criança deve ter um legume (abobrinha, cenoura, abóbora), alguma verdura (brócolis, rúcula, acelga) e um carboidrato (arroz, feijão, batata).

“Coloca esses cinco alimentos no prato, amassa com o garfo e adiciona o azeite de oliva. Não pode sal, suco ou chá, nada com açúcar. Também não pode bater alimentos no liquidificador, processador ou peneira”, detalha.

Segundo a médica, as mães que antes dos seis meses não conseguem mais amamentar seus filhos devem ser orientadas pelo pediatra a substituir o leite materno por uma fórmula adequada para a idade da criança.

 

FONTE: www.correio24horas.com.br  
 
 
   
 
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