Depois de curtirem o feriado prolongado da Sexta-feira Santa e de Tiradentes, os baianos foram pegos de surpresa com o anúncio de que a energia elétrica ficará mais cara a partir desta terça-feira (22). A nova tarifa foi aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e atinge os mais de 6,7 milhões de clientes atendidos pela Neoenergia Coelba em todo o estado.

Em nota, a Coelba informou que o índice médio do reajuste tarifário será de 2,05%. Para os consumidores de baixa tensão — onde se enquadra a maior parte dos clientes residenciais — o efeito médio será de 1,88%. Já para os clientes de alta tensão, como indústrias e grandes comércios, o impacto médio será de 2,53%.

A concessionária explicou que o aumento foi impulsionado, principalmente, por encargos setoriais (1,86%) e pelos custos de transmissão e geração de energia (0,03%), totalizando os 1,88% na baixa tensão. Os custos financeiros, por outro lado, contribuíram com -3,12% para o índice final.

Composição da tarifa

Segundo a Coelba, apenas 32,22% do valor da conta de luz fica com a distribuidora, sendo destinado à operação, manutenção, administração do serviço e investimentos. A maior fatia é dividida entre os custos com compra e transmissão de energia (34,47%) e os tributos, que continuam pesando no bolso dos consumidores, representando 33,30% da fatura.

Ou seja, numa conta de R$ 100, apenas R$ 32,22 são de fato destinados à Coelba para a operação do sistema em 417 municípios baianos.

Impacto no bolso

Para a assistente social e educadora Jô Santos, o reajuste chega em um momento delicado para muitas famílias.

"É inacreditável como temos que pagar uma energia tão alta dentro da nossa própria cidade. Até quando vamos nos divertir, temos que pagar energia. É difícil de entender. Moramos numa capital onde chove bastante, então o que está acontecendo com as hidrelétricas de Salvador?", questiona.

Jô também acredita que o aumento afetará diretamente a alimentação e os custos básicos do dia a dia.

"Nosso salário é pouco e não cresce na mesma proporção que os preços das coisas", critica. “Achei tendencioso ser anunciado justamente num feriado prolongado, quando as pessoas estão descansando, longe das notícias. Eu mesma estava veraneando, curtindo, e de repente recebo essa notícia. É inviável."

Quem também lamenta a decisão é o caminhoneiro Ivan Yuri, que considera o reajuste injusto.

"Eu acho um absurdo esse aumento da conta de luz. Estamos aqui hoje tentando aproveitar um lazer, sem muitas informações, e de repente surge essa notícia de que a energia vai ficar mais cara a partir de amanhã. Eu, como trabalhador CLT, caminhoneiro que vive nas estradas, sei como é difícil conquistar nosso salário", desabafa.

Ivan já pensa em cortes no orçamento doméstico

"Vai impactar principalmente na alimentação. A gente vai ter que reduzir o orçamento, cortar alguns gastos, porque a energia é algo que usamos o tempo todo. O ventilador vai ter que ser usado menos, a televisão, as luzes... até a alimentação dos animais vai precisar ser revista. Tudo pesa."

Segundo ele, a decisão agrava ainda mais a situação de quem já vive com recursos limitados. “Não dá pra entender esse tipo de aumento com tudo tão caro e o salário praticamente congelado."