Sem cerimônias ou surpresas, os deputados Elmar Nascimento e Sandro Régis, ambos do PR, tornaram pública a decisão de deixar a legenda por entender que “o partido mudou”.
No rol dos dissidentes encontra-se ainda o deputado federal Maurício Trindade. Descontentes há algum tempo com os rumos da sigla na Bahia, a caminho de se tornar parte da base aliada do governador Jaques Wagner, os parlamentares confirmaram a expectativa criada desde a aproximação do ex-senador e atual vice-presidente de Governo do Banco do Brasil, César Borges, com os governos federal e estadual.
“A maioria – pequena, mas maioria – entendeu que o partido deveria compor a base do governo, então decidimos, eu e o deputado Sandro Régis, entrar com o pedido de desfiliação por justa causa na Justiça Eleitoral”, anunciou Elmar Nascimento.
Apontado como um dos pontos críticos no relacionamento com o partido, a retirada da candidatura a prefeito de Salvador de Trindade e o consequente apoio à candidatura de Nelson Pelegrino (PT) foi crucial para a debandada de parlamentares.
“O partido teve uma posição de se aliar com o governo e com a oposição em algumas cidades e o caso de Salvador foi emblemático, com o PR apoiando o candidato do governo, que somos oposição”, destacou Elmar. Para o deputado, “por coerência” não fazia sentido permanecer no PR com a adesão à base.
“O eleitor que votou em mim, votou para eu estar na oposição. Se há dois anos eu achava o governo ruim, hoje eu acho muito pior. Agora vou esperar a decisão da Justiça Eleitoral sobre a justa causa antes de buscar outro partido”, relatou Elmar.
Outro republicano – e crítico contumaz do governo do Estado -, Sandro Régis adotou discurso similar ao do companheiro de Legislativo. “Eu defendo o que eu acredito e não acredito nesse governo. Foi uma questão de foro íntimo. Conversei, comuniquei e o senador [César Borges] entendeu. Sempre fui oposição e vou continuar sendo”, disse à Tribuna.
Régis, porém, assegurou que não houve qualquer desentendimento com o presidente estadual da legenda. “Apesar de o senador César Borges ter sido muito correto conosco, por uma questão de coerência eu não poderia integrar a base do governador”, garantiu.
O futuro do parlamentar, entretanto, ainda é incerto. “Todo mundo sabe da minha ligação umbilical com o DEM, mas vou esperar a decisão da Justiça Eleitoral antes de falar sobre isso”, apontou.
Outro insatisfeito com a situação do PR é o deputado federal Maurício Trindade, que teve a candidatura ceifada na capital baiana e não dispensa a oportunidade de alfinetar o dirigente republicano. “César Borges entendeu que deveria ser da base. Ele levou o PR para o governador e rachou o partido”, atacou Trindade.
Segundo o parlamentar, o destino de Elmar e Sandro será compartilhado por ele. “Eu, logo depois da campanha, vou me afastar do PR”, antecipou à Tribuna. Procurado pela reportagem, César Borges não atendeu aos telefonemas.