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Empresa que maltratava jumentos em Itapetinga é multada em R$ 30 mi
Empresa chinesa foi autuada por crime ambiental; ONGs pedem soltura de animais
Sexta-Feira, 07 de Setembro de 2018

A empresa chinesa Cuifeng Lin, responsável pelo confinamento de jumentos para o abate em Itapetinga, no Sudoeste baiano, foi multada em R$ 30.016,00 pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Itapetinga.

As multas são pela falta de autorizações para o confinamento na fazenda Barra da Nega (que pertence a um fazendeiro local e teve 5 hectares arrendados pela empresa para colocar os jumentos), pelo transporte irregular dos animais e crime ambiental.

A Adab e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente determinaram ainda a interdição do local para que não possa mais confinar os jumentos para abate. Os que restam (cerca de 300 bichos), devem ser abatidos até o final de semana.

Os jumentos vinham sendo confinados no local há quase dois meses. Muitos deles foram vítimas de maus-tratos e chegaram a morrer de fome e sede, conforme constatou a Polícia Civil, em apuração realizada na fazenda sexta-feira passada.O caso gerou comoção na Bahia e no Brasil, sobretudo por parte dos defensores dos direitos dos animais, que defendem que eles sejam soltos em locais onde possam viver de forma livre e se reproduzir. O Ministério Público Estadual (MP-BA) também investiga o caso.

As autoridades foram até o local do confinamento, inclusive, depois de a ONG SOS Animais de Rua, que atua em Itapetinga, divulgar vídeo (veja abaixo) e fotos de jumentos mortos ou debilitados na fazenda Barra da Nega, sem água e nem comida.O coordenador da Adab em Itapetinga, Cláudio Dourado, informou que mais multas serão aplicadas à empresa.

    “Estamos ainda em operação com relação a essa empresa. Nosso trabalho continua e teremos mais multas”, adiantou ele.

Dourado informou que a maioria dos jumentos estava sem a guia de trânsito (GTA), documento necessário para realizar o transporte de animais. A guia especifica a origem e o destino dos animais, se entre propriedades ou da propriedade para o frigorífico, e comprova que estão com exames de sanidade animal em dia.

“No caso desse local de confinamento, não havia registro na Adab para este fim, o que torna o local irregular, por isso a interdição”, disse Dourado, informando em seguida que desde segunda regularizou a situação de 750 animais para que fossem abatidos.Para exportação
Os abates ocorrem desde agosto no Frigorífico Sudoeste, que tem contrato para realização dos serviços com a empresa Cuifeng Lin, sediada em São Paulo e com filial em Itapetinga, aberta em 21 de agosto de 2018.

A carne é exportada para a China, onde cresce a demanda por esse tipo de produto, mas a demanda maior é pelo couro, muito procurado pela indústria farmacêutica chinesa por supostamente possuir uma substância que seria afrodisíaca.

Na Bahia, a Cuifeng Lin é representada pelo chinês Zenan Wen, de 23 anos, e responsável pelo arrendamento da fazenda Barra da Nega para o confinamento dos jumentos, oriundos de vários estados do Nordeste.

Ele chegou a ser ouvido pela Polícia Civil na sexta-feira passada e foi liberado. A princípio, ele responderá por maus-tratos aos animais, pelo fato de tê-los deixado com fome e sede.

Desde que as autoridades locais estiveram na fazenda, a empresa providenciou água e comida para os animais. Outra medida emergencial foi o enterro das carcaças de outros bichos que estavam expostos na beira de um riacho que desagua no Rio Catolé.

O CORREIO tentou contato com a Cuifeng Lin por meio dos três números de telefone fixo e móvel registrados por ela na Receita Federal do Brasil, mas não conseguiu. Os números fixos deram como inexistentes e o móvel foi atendido por um homem com sotaque oriental que disse desconhecer a empresa e que o número era residencial.

Segundo o Frigorífico Sudoeste, somente em agosto a empresa encaminhou para o abate pouco mais de 2.100 jumentos. A empresa conseguiu a autorização da Adab para abater jumentos em junho – na Bahia, outros dois frigoríficos, um em Amargosa e outro em Simões Filho, possuem autorização pra realizar esse tipo de abate.

Até o final de semana
Em Itapetinga, o abate de jumentos fez o frigorífico retomar os 120 empregos que havia deixado de gerar com o fim dos abates de bovinos em 2017, por conta da crise, acentuada pelo abate ilegal de animais na região.

    “Estamos nos dedicando 100% ao abate de jumentos. É um negócio que queremos continuar; se não for com os chineses, pode ser com outros parceiros. Mas é um bom negócio”, declarou o diretor do Frigorífico Sudoeste José Marcos Ribeiro Costa.

O frigorífico tem capacidade de abater 60 animais por hora. Costa promete finalizar até o final de semana o abate de jumentos. “Devido a esse problema do confinamento, vamos fazer até umas horas extras para dar conta”, afirmou.

O Frigorífico Sudoeste destacou que atua em conformidade com as regras do abate do Ministério da Agricultura. A empresa acredita que a demanda pela carne de jumento vai aumentar, sobretudo pela população de jumentos do Nordeste, estimada em cerca de 800 mil.

“Pode não ser cultura aqui no Brasil o consumo desse tipo de carne, mas em outros países é. Desde que seja feito tudo conforme as leis, não tem problema. Acho que o abate dignifica o animal, dá uma destinação nobre a ele, que é a alimentação humana”, comentou.

Soltura
Não é o que pensam as ONGs de defesa dos direitos dos animais, como a Organização FIlantrópica Network for Animals e a própria SOS Animais.

    “Defendemos que os animais possam viver livres tenham suas crias em paz. Queremos que eles tenham bem-estar, essa é a nossa preocupação”, disse o sociólogo Humberto Fernandes, representante da Network for Animals no Brasil.

“O lugar está interditado, mas ainda há locais mortos que não foram retirados. Os animais deveriam ser levados para um santuário para os animais. O jumento vai entrar em extinção”, disse a ambientalista Solange Oliveira, da SOS Animais.

 

FONTE: www.correio24horas.com.br  
 
 

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