O deputado federal eleito Marcelo Nilo (PSB) reclamou, ontem, do tratamento que tem recebido do governo de Rui Costa (PT). O socialista ameaçou até deixar a base petista caso a relação com o Palácio de Ondina não melhore. "Não sou liderado de Rui Costa. Eu sou aliado. Se Rui Costa me tratar como espero, eu serei parceiro. Se não me tratar como eu espero, eu serei oposição. Pode ter certeza", afirmou, em entrevista à rádio Metrópole. "Cheguei a ser o político mais forte depois do governador [na gestão de Jaques Wagner]. Com Rui Costa, não. Ele teve uma visão política de prestigiar o PSD e o PP. Que também deu certo. O PSB, Marcelo Nilo e Lídice da Mata ficaram em segundo plano", acrescentou.

Depois da decisão do governador Rui Costa de preterir a senadora Lídice e escolher o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Angelo Coronel (PSD), para a chapa majoritária, Nilo decidiu apoiar o deputado federal Jutahy Magalhães Júnior (PSDB) na disputa pelo Senado. Ontem, o socialista admitiu que “trabalhou muito” para derrotar o chefe da AL-BA, que acabou sendo eleito junto com o ex-governador Jaques Wagner (PT) para a Câmara Alta do Congresso Nacional. "Trabalhei muito para Jutahy e os que não queriam votar em Jutahy em Irmão Lázaro, porque queria derrotar Coronel. Mas ele foi competente, com a força de Rui e Wagner", declarou. Nilo admitiu, ainda, que tem vontade de ser candidato ao governo da Bahia em 2022. “Vou percorrer o estado. Vou utilizar as redes sociais. [...] Claro que eu quero e vou trabalhar para ser", confessou.

O parlamentar eleito afirmou que apoia Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial, mas chegou a dizer que o petista paulista vai levar um “porrada eleitoral” do adversário Jair Bolsonaro. "Às vezes, ele [Jaques Wagner, que coordena a campanha de Haddad] está preocupado com a [eleição a] nível nacional, com a porrada que nós vamos tomar no dia 28 [de outubro, quando será a votação do segundo turno] . Uma porrada eleitoral", disse, aos risos, ao falar sobre a mudança de comportamento de Wagner.

Para Nilo, o presidenciável do PT sofre com a onda antipetista. "A maioria [dos votos de Bolsonaro] é fruto de rejeição ao PT. Você me perguntar por que Rui deu certo? Porque se afastou do PT no momento certo e se aproximou no PT correto. Ele foi muito competente", avaliou. Nilo criticou o capitão da reserva.  "Quem tiver votando em Bolsonaro sabe o que ele pretende fazer. [...] Não tem a menor condição política de gerir este país”, ressaltou.

Deputado troca farpas com ACM Neto

O deputado federal eleito Marcelo Nilo (PSB) trocou farpas, ontem, com o presidente nacional do Democratas e prefeito de Salvador, ACM Neto. O socialista disse que o democrata era “o pior transferidor de votos". "Ele não consegue transferir votos. Quem foi de Neto que teve uma grande votação? Os amigos dele quase todos perderam. Ele não transfere", criticou.

O prefeito reagiu com duros ataques ao adversário. “Nilo deve viver na época do coronelismo. Ele está acostumado com o tempo dos coronéis, que indica alguém e está resolvido. Ninguém é dono dos votos de ninguém. Ele deve olhar para o próprio umbigo. Perdeu aposta em 2012 naquele instituto que foi alvo da Polícia Federal. Foi derrotado na assembleia e acabou não tendo nenhum tipo de respeito pelo próprio PT para compor a chapa majoritária. [Angelo] Coronel só com dois anos chegou lá, e ele passou 10 e não chegou. Por último, e finamente, essa coisa de transferência de votos é relativa. Essa é a mentalidade de um deputado que parou no tempo e não sabe que a política do coronelismo, de eleição de poste, não é a política que eu faço”, afirmou, durante lançamento do programa “Pé na Escola”.