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Droga contra diabetes 2 pode ser usada também contra Alzheimer
Descoberta de pesquisadores da UFRJ abre caminho para uma nova forma de tratar a doença
Segunda-Feira, 26 de Março de 2012

RIO — Tudo o que a ciência consegue fazer pelos pacientes com mal de Alzheimer, até agora, é retardar, ainda que por um período pequeno, o agravamento dos sintomas. Mas esta realidade pode mudar em poucos anos: pesquisadores do Laboratório de Doenças Neurodegenerativas do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ descobriram que a droga exenatida, usada para tratar a diabetes do tipo 2, tem grande chance de ser eficaz também contra esta doença, cuja incidência vem aumentando em todo o mundo, na mesma proporção do envelhecimento da população.
— Quando se fala em diabetes, se pensa em pâncreas, e, quando se fala em Alzheimer, em cérebro. Mas descobrimos que a exenatida pode modificar o caminho da doença, diferentemente do que acontece com as drogas existentes hoje, que apenas tratam os sintomas do Alzheimer — diz o neurocientista Sérgio Ferreira, um dos responsáveis pelo trabalho. — Isso abre uma nova perspectiva para os pacientes. E em pouco tempo, porque, como a exenatida é uma droga que já está no mercado e já passou por testes de eficácia e segurança, basta, agora, fazer aprovar seu uso contra mais uma doença, se os testes clínicos comprovarem obtiverem bons resultados.
Ferreira explica que a conexão entre diabetes e Alzheimer começou a ser estabelecida pela literatura médica na última década. Estudos clínicos mostraram que quem sofria de uma das doenças tinha mais propensão a desenvolver a outra. Em 2008, houve o primeiro grande avanço neste caminho: a neurocientista Fernanda De Felice, também da UFRJ, publicou um artigo revelando que, quando se adiciona oligômeros aos neurônios, eles deixam de responder à insulina. Os oligômeros são complexos de proteína que atacam as conexões entre os neurônios (sinapses), causando Alzheimer.
— Em 2009, a Fernanda foi mais fundo, e descobriu que a insulina poderia funcionar como um antídoto para os efeitos maléficos dos oligômeros: se os neurônios fossem tratados com insulina, ficavam protegidos contra estas toxinas — explica Ferreira.
No mesmo ano, a equipe da UFRJ teve a ideia de testar a exenatida contra a doença e desenvolveu o estudo que saiu publicado hoje na revista especializada “Journal of Clinical Investigation”. No trabalho coordenado por Fernanda De Felice, do qual Ferreira participou, os pesquisadores analisaram o que acontece dentro da célula neuronal e descobriram que o que se passa nos neurônios de quem tem Alzheimer é o mesmo que acontece no organismo quando se tem diabetes 2.
— O mecanismo que leva à resistência à insulina é o mesmo — resume Fernanda De Felice.
O problema é que um estudo de 2010 mostrou que a estratégia de usar este hormônio contra o Alzheimer não funcionaria a longo prazo, porque, nos pacientes com a doença, os receptores de insulina também desapareciam.
Foi então que os neurocientistas brasileiros tiveram a ideia de usar a exenatida, droga que abre um caminho alternativo para a insulina nos pacientes diabéticos, também contra Alzheimer.
Eles fizeram experimentos em cultura de células, em camundongos geneticamente modificados (que passaram a ter características semelhantes às encontradas no Alzheimer) e em macacos — o que jamais havia sido feito antes. Um pesquisador da Pensilvânia colaborou, observando o mesmo mecanismo nos cérebros de pacientes mortos pela doença. Em todas as situações, a exenatida se mostrou eficaz.
Um teste clínico feito por pesquisadores americanos e publicado no final de 2011 havia mostrado que pacientes com problemas de memória ou Alzheimer em estágio inicial apresentaram melhora quando receberam insulina intranasal. Agora, a UFRJ contará com a ajuda de pesquisadores irlandeses para realizar testes clínicos com a exenatida, durante dois anos. Se a droga se mostrar realmente capaz de reverter efeitos do mal de Alzheimer, calcula Sérgio Ferreira, em cerca de cinco anos ela já deverá estar disponível no mercado também para tratar a doença neurológica.
— Mas isso não quer dizer que as pessoas devam comprar exenatida para tentar tratar ou prevenir o Alzheimer — alerta Fernanda. — Ainda é preciso saber em que quantidad e qual é a forma adequada de administração desta droga para que ela chegue ao cérebro e não interfira no resto do corpo.
Os primeiros resultados dos testes clínicos feitos na Irlanda serão apresentados em outubro próximo, durante um congresso de neurociência em Nova Orleans, nos Estados Unidos.

 

FONTE: O Globo  
 
 

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