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Vítimas da imprudência
Quarta-Feira, 04 de Julho de 2012

Há exatos sete meses do acidente que deixou 36 trabalhadores mortos na BR 116, quando uma carreta e um caminhão baú colidiram na altura do município de Brejões, uma nova tragédia é registrada. Por volta das 5h15 de ontem, 10 pessoas morreram durante colisão envolvendo a van (NTT 6015) e a carreta (GXA 7804).
O acidente ocorreu no Km 590 da BR 324, próximo ao viaduto de Candeias, sentido Salvador. Com o impacto, nove pessoas morreram na hora e sete foram socorridas por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Salvar e Corpo de Bombeiros e levados para hospitais do Subúrbio e Geral do Estado (HGE), onde um deles não resistiu aos ferimentos.
O motivo da tragédia ainda é ignorado, mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) suspeita de falha humana. Assim como no acidente de Brejões, a van não tinha autorização para transportar passageiros, conforme informou a Agerba.
Segundo informações da PRF, o motorista da carreta, Valdeci Luís da Cunha, seguia pela pista direita, quando foi surpreendido pelo impacto, provocado pelo condutor da van.
Após bater na lateral do veículo, a van rodou na pista e colidiu novamente, encaixando a parte direita do veículo, embaixo do contêiner da carreta. Em entrevista à imprensa local, o condutor, Valdeci Luís da Cunha, contou que saiu de Recife em direção a Simões Filho
. “Eu vinha na pista, na velocidade certa, quando ele chegou correndo demais. Eu só vi o impacto. Não sei o que aconteceu”, disse. Moradores de Santo Amaro da Purificação e Saubara, os passageiros seguiam, semanalmente, para Salvador, onde trabalhavam.
De acordo com Mércia Oliveira, chefe do Núcleo de Comunicação da PRF/BA, as características do acidente apontam que o motorista da van, Osvaldo Pirajá Leone, teria dormido e perdido o controle da direção.
“Geralmente nestes horários a pista está molhada, mas diante das marcas de frenagem e dos depoimentos de testemunhas, podemos suspeitar que o condutor do veículo menor, dormiu ao volante”, afirma Oliveira, ressaltando que todos os passageiros dormiam na hora do acidente. Já o motorista da carreta, que tinha placa de Itaúna em (MG) e levava ferro para a empresa Gerdau, sofreu ferimentos leves.
Devido ao impacto da colisão, alguns passageiros foram arremessados para fora do veículo. Além de equipes da Samu, Salvar e Corpo de Bombeiro, a Via Bahia também auxiliou no socorro. No local, familiares desesperavam-se diante da tragédia.
A todo o momento, parentes e amigos chegavam e tiveram de ser amparados por policiais.
Cinco feridos foram levados para o HGE. Cleber da Paixão dos Santos, 35, Bartolomeu de Jesus Santos, 32, Anailton Oliveira da Silva, 27, e Jackson dos Santos, sofreram ferimentos na cabeça e tronco, mas não correm risco de morte.
Um homem não identificado morreu após dar entrada e Anaílton recebeu alta, por volta das 10 horas. Osvaldo Pirajá Leone e Paulo Guimarães, 54 anos, sofreram ferimentos graves e foram encaminhados para o Hospital do Subúrbio, onde permanecem internados.
No final da manhã de ontem, a PRF divulgou o nome de oito das dez vitimas do acidente. Entre eles estão Jefferson Santos Lopes, 31, Daniel Nery Ferreira, 41, Carlos Maia dos Reis Linhares, 50, Valdemir Miranda do Santos, 42, Everaldo Oliveira dos Reis, 30, Jackson Alves dos Santos, 24, Sergio Pereira dos Santos, 30, e Neilson Santos.
A 9ª vítima que morreu no local e a 10ª do HGE, ainda não foram identificadas. Segundo informações de funcionários do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), familiares de nove dos 10 mortos, realizaram reconhecimento e os corpos devem ser liberados a partir da manhã de hoje.
Até as 8h de ontem, segundo a Via Bahia, os dois veículos envolvidos no acidente permaneciam no local, o que resultou num engarrafamento de mais de 20 km.
Perícias foram realizadas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) nos veículos e no local do acidente. O laudo deve ficar pronto em até 30 dias e a PRF investiga as causas do acidente. Valdeci e os demais sobreviventes devem ser encaminhados à delegacia de Candeias, onde será aberto inquérito policial.

Comoção no HGE e IML

Tanto na entrada do HGE como no IML o cenário de desespero era o mesmo. A dor de familiares em busca de notícias movimentou os locais. A esposa de Cléber chegou à unidade de saúde amparada pelos parentes. Afirmando ter pressentido o acidente ela ligou para o marido, mas alguém atendeu ao telefone e a informou sobre o acidente.
“Eu entrei em desespero. Fui até o local e fiquei chocada em ver aquela cena. Vários corpos mutilados, meu Deus! Quando soube que meu esposo estava vivo só fiz agradecer a Deus e lamentar pelas mortes.
Cléber disse que nunca usou o cinto de segurança, mas que ontem ele resolveu usar e foi o cinto que salvou a sua vida”, desabafou Lucinéia da Paixão Santos, esposa de Cléber.
Cléber trabalha numa construtora e voltava de Saubara, após visitar parentes. Aos familiares, ele teria afirmado que não se lembrava do acidente, apenas recordou o barulho da colisão e os gritos dos passageiros, projetados para fora do veículo.
Ainda no período da tarde, os parentes continuavam aguardando alta médica dos feridos. Ainda abalado com a tragédia, João Alves dos Santos, tio de Jackson dos Santos, aguardava ansioso por notícias do jovem. “Só sei que ele está na sala de cirurgia, mas nada”, disse.
Posicionada na entrada de emergência da unidade, a mãe de Bartolomeu de Jesus, contou como soube do acidente.
“Estava em casa, quando ouvi dois vizinhos comentando sobre a ‘batida’. Em seguida, ele me contou tudo e disse que meu filho estava bem. Acompanhei tudo pela televisão, mas de qualquer forma levei um susto horrível”, contou afirmando estar aliviada pelo estado do filho, porém continua em oração pelas vítimas fatais.

“Sofri pelo meu e pelos das minhas vizinhas. Todos trabalhavam, praticamente, juntos. É um sofrimento grande”, disse. No IML, a movimentação era semelhante, porém a esperança de boa notícia, já não existia.
“Estamos muito nervosos, em busca de documentação para liberar o corpo. Ficamos sabendo de tudo pelo rádio. É uma tristeza imensa”, afirmou Círio Machado, cunhado de Carlos Maia dos Reis Linhares, 50, morto no local do acidente. A vítima, que só voltava para Saubara nos finais de semana, deixou esposa e dois filhos, menores de idade.

Veículo não era autorizado

Através de nota divulgada à imprensa, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) afirmou que a van não tinha autorização para transportar os trabalhadores.
O veículo pertencia à Cootransul, que também já teve alguns carros apreendidos e autuados por realizar transporte clandestino. Ainda segundo informações da polícia, o veículo circulava de Saubara a Salvador todas as semanas e costumava sair do município às 4h30, levando passageiros que geralmente não conseguiam passagens em ônibus regulares.
De acordo com a Agerba, a van estava com a vistoria vencida, desde o dia 30 de setembro do ano passado. O dono do veículo tentou fazer vistoria, mas não conseguiu, já que o veículo não tinha os requisitos para realizar transporte público.
Registrado em nome de Osvaldo Pirajá Leoni, a van teve o pedido de renovação da vistoria negado porque não foi apresentado o comprovante de fretamento junto a uma prefeitura ou empresa para a realização do transporte de passageiros, segundo explicou o diretor-executivo da Agerba, Eduardo Pessoa.

 

FONTE: Tribuna da Bahia / Foto: Último Segundo  
 
 

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